Esta tela religiosa constitui a primeira obra que se conhece do jovem Rembrandt. Estß datada de 1625. Por aquela Θpoca, o artista mantΘm ainda uma dφvida com seus mestres.
O tema da representaτπo foi extraφdo das vidas dos santos, muito lidas pelo p·blico eminentemente piedoso. A cena recolhe um instante de grande tensπo dramßtica. O mßrtir aparece de joelhos enquanto uma multidπo enfurecida se prepara para linchß-lo. O acontecimento tem ao fundo umas ruφnas de tipo fantßstico. Seu aspecto recorda, de certo modo, as arquiteturas antigas que coroavam a paisagem idealizada do Classicismo italiano. O holandΩs tinha conhecimento destas representaτ⌡es graτas a Lastman, seu mestre. A ele deve tambΘm o gosto pelo ambiente oriental.
A maravilhosa representaτπo do drama se tornnarß uma constante fundamental ao longo de sua dilatada carreira artφstica.
AN┴LISE T╔CNICA E ESTIL═STICA
O quadro mostra uma horizontalidade bastante acentuada. Esta disposiτπo permite ao artista alternar diferentes planos de sombra e luz para sugerir profundidade. Num primeiro termo se encontra um ginete em penumbra. Ao seu lado e no centro da representaτπo, outro homem atira uma pedra no santo. Ambos constituem o primeiro plano da tela, descrevendo uma diagonal que acentua o dinamismo da composiτπo. Na claridade intermedißria aparece o mßrtir rodeado de seus executores. Os olhares se concentram na figura atormentada. O terceiro nφvel estß integrado pelas escuras arquiteturas do fundo, fechado pelo cΘu cinzento.
A tΘcnica empregada pelo jovem manifesta a influΩncia de seu mestre. As cores parecem um pouco ßcidas e a anatomia se define com um desenho preciso. Rembrandt abandonaria estes recursos numa extraordinßria evoluτπo pessoal. A aplicaτπo do conhecimento das experiΩncias de Caravaggio Θ ainda um pouco forτada.
INTERPRETA╟├O
Este quadro religioso constitui uma boa mostra da primeira etapa na carreira do holandΩs. A dφvida com a estΘtica de seu mestre se materializa na afetaτπo dos rostos e na acidez das cores. A isso se soma um acentuado orientalismo. Este ·ltimo continua ao longo de boa parte de sua trajet≤ria artφstica.
A alternΓncia de luz e sombra, para criar ilusπo espacial, Θ um pouco traumßtica. Com o tempo, evoluirß para um sutil tratamento do claro-escuro. Assim, sugerirß o lado dramßtico dos acontecimentos, definindo valores e formas com bastante soltura. A tensπo dramßtica virß dada por um tratamento teatral da iluminaτπo. As cenas se encherπo de mistΘrio. Isso nπo acontece nesta obra. O claro-escuro parece violento demais e muito forτado. A expressividade da representaτπo conecta ainda com certo sabor do maneirista tardio. O desenho Θ ainda preciso. Nπo se conseguiu materializar a sensaτπo de atmosfera envolvente que caracterizarß a maior parte da produτπo de Rembrandt.